Como dito no primeiro artigo desta série, há muita gente importante preocupada com o mercado de trabalho que está em construção nas próximas décadas. Governos, universidades, instituições científico-tecnológicas, empresas privadas e organizações não governamentais têm se debruçado de forma séria e objetiva nessa questão, afinal, todos nós precisamos de uma ocupação digna, rentável e que nos permita continuar úteis ao planeta.
Uma dessas instituições é o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês: Massachusetts Institute of Technology - MIT), uma das mais prestigiadas universidades do mundo, que publicou recentemente o relatório “MIT Taskforce Fall 2019 Report, The Work of the Future, Shaping Technology and Institutions”. Nesse documento, é apresentada uma série de estudos que versam sobre as possibilidades do mercado de trabalho para os diferentes cenários que o mundo deve apresentar nas próximas décadas.
O relatório expõe como transformações mais significativas ao mercado de trabalho as provocadas pela 1ª Revolução Industrial do século XIX, que, sem dúvidas, alteraram o panorama industrial mundial. Para se ter uma ideia, na virada do século XIX para o XX, a mecanização agrícola é responsável pela redução de 40% para 2% da força produtiva dos Estados Unidos da América inserida na agricultura.
Outro apontamento diz respeito ao nível de automatização de processos em meados do século XX, nunca antes sonhado. Aqui não é preciso dizer o peso da influência geral, direta e totalmente imersiva em nossas vidas cotidianas, da informática/computação nos aspectos de produção em todas as esferas produtivas, nas questões culturais, sociais e até mesmo morais, alterando completamente o mercado de trabalho, de tal forma que muitas ocupações deixaram de existir, e outras passaram a ser criadas.
Três observações do relatório são especialmente intrigantes em todo esse processo. Primeiramente, a produtividade das empresas não acompanhou a inserção da tecnologia que alterou os sistemas de produção e de prestação de serviços, ficando aquém do esperado principalmente entre as décadas de 1970 e 2000.
Outro fato intrigante é que, diante de tantos empregos “roubados” pela tecnologia, poderia ter sido gerada uma massa de desempregados nos EUA e no mundo, mas, graças a Deus, isso não ocorreu, devido à uma rápida recolocação. Como?
E, por fim, houve, e ainda há, uma polarização quanto ao novo cenário do mercado de trabalho nascente. De um lado, grande demanda por profissionais cada vez mais capacitados com requisitos quase que exclusivamente alcançados graças à formação superior, tanto em nível de graduação como de pós-graduação. De outro, a necessidade igualmente crescente por profissionais com baixa formação, com pouca ou quase nenhuma habilidade e conhecimentos tecnológicos. Isso conduz ao questionamento: e os profissionais de formação intermediária, como os de nível médio? Esses foram e ainda são os mais suscetíveis à falta de recolocação, por quê?
Bom, são questões que, no mínimo, nos levam à reflexão do que aconteceu e vai acontecer e se esse futuro próximo nos guarda outras “surpresas” e desafios ainda não pensados. Convido você a continuar refletindo sobre isso no nosso próximo artigo. Ótimo domingo!
Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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