Quem não tem ouvido ultimamente a expressão “mundo pós-pandemia”? O que podemos esperar do mundo que conhecemos quando os problemas diretos e indiretos causados pelo novo coronavírus passarem?
Uma forma de abordar esse tipo de análise é por meio da chamada futurologia, ramo da ciência que busca predizer o futuro a partir de ideias e conceitos derivados da ciência e da tecnologia. Ao contrário do que o senso comum sugere como previsão do futuro, a futurologia baseia-se nas probabilidades de que certos cenários ocorram, tendo como base os cenários atuais e suas tendências.
Um dos mais aclamados escritores que transitam pela futurologia, o professor de história Yuval Noah Harari, catedrático da Universidade Hebráica de Jerusalém, mundialmente conhecido pela publicação de vários Best-Seller, entre eles “Homo Deus: uma breve história do amanhã” e “Sapiens: uma breve história da humanidade”, tem publicado uma série de artigos em que aponta para algumas possíveis mudanças a serem herdadas pela pandemia, como a vigilância total e irrestrita dos cidadãos do planeta.
De fato, temos observado ultimamente, pelas mais diversas mídias jornalísticas, os índices de isolamento social, os quais são fundamentalmente mensurados pela movimentação das pessoas através dos aparelhos de telefonia móvel.
Em algumas partes do mundo, como a Coreia do Sul, os sistemas de vigilância por câmeras de vídeo auxiliados pelas tecnologias de reconhecimento facial e medição da temperatura por câmeras térmicas também têm sido amplamente utilizados, propondo não somente o rastreamento dos indivíduos potencialmente doentes, mas também a aplicação de penalidades na forma de multas pela circulação indevida ou não autorizada.
Essa vigilância em tempo real em um mundo pós-pandemia poderá ser ampliada para as mais diversas ações de “controle populacional”, como segurança pública, infrações de trânsito, análise mercadológica, marketing de produtos e serviços, entre outros.
Em um primeiro momento, a parte mais sensível desse cenário poderia se resumir apenas à invasão de privacidade das pessoas, mas a assustadora concepção da liberdade vigiada muda um paradigma essencial de liberdade dos seres humanos. Não bastando a quase total exposição que as redes sociais já produzem no cotidiano no “ser”, essa liberdade vigiada levaria a um nível mais elevado de exposição do ser humano, representado pelo “estar”.
Este momento tão delicado pelo qual estamos passando pode ser apenas uma ponta de um dos icebergs da pandemia e, se alguém ainda duvidava da possibilidade da onisciência dos mandatários da sociedade, bem-vindo ao século XXI.
Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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