O PIX, sistema de pagamento instantâneo (SPI) do Banco Central do Brasil (Bacen), está entre nós desde novembro de 2020. Com um sucesso avassalador, ele tem causado diversas mudanças culturais e comportamentais nos usuários do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Além de substituir com grande eficiência outros meios de transferência financeira, como os caros, burocráticos e agora obsoletos TED e DOC, o sucesso do PIX tem a ver com sua disponibilidade, rapidez e, principalmente, sua ausência de taxas, pelo menos para pessoas físicas. O fato de o sistema ficar disponível 24 horas por dia e 7 dias por semana, além de proporcionar transferências em questões de segundos, fez com que muitas pessoas simplesmente abandonassem de vez o uso de dinheiro em espécie. Ademais, diversos estabelecimentos comerciais passaram a estampar um QRCode (código de resposta rápida, da sigla em inglês) nos ambientes internos, evidenciando aos seus clientes que aceitam pagamento via PIX.
Dados do Bacen mostram que até abril haviam sido criadas mais de 230 milhões de chaves PIX, que são um código ou apelido que identifica uma conta bancária e possibilita a utilização do SPI para envio e recebimento de pagamentos. Das chaves criadas, considerando o tipo, 22% são números de celulares, 2% são números de CNPJ, 31% são números de CPF, 15% são e-mails e 30% são chaves aleatórias. Quanto à natureza, 96% são pessoas físicas e apenas 4% são pessoas jurídicas.
Os números das transações via PIX são surpreendentes: até abril foram realizadas mais de 410 milhões de transações, movimentando mais de R$270 milhões. As transações P2P (pessoa para pessoa) representam 76%, enquanto as transações B2B (empresa para empresa) representam apenas 3%. Quanto ao volume financeiro, as transações P2P também lideram com 42%, contra 36% das transações B2B.
Esses números, além de representar um grande impacto na receita dos grandes bancos e das operadoras de cartão, que deixaram de arrecadar receita com TED, DOC e pagamentos via cartão de débito e boleto, mostram que o PIX já faz parte de grande parte dos usuários do SFN. Isso fez com que os especialistas em segurança da informação acionassem um alerta, visto que, por suas características, o PIX está se tornando uma das novas armas que os cibercriminosos estão usando para praticar golpes, principalmente contra pessoas físicas.
Calma, isso não significa que o PIX não seja seguro! A grande questão aqui é que não existe sistema 100% seguro, principalmente quando o criminoso se aproveita da falta de conhecimento da vítima e, obviamente, usa táticas de engenharia social (manipulação psicológica) para persuadi-la.
Dos golpes detectados, o que chama mais a atenção é o identificado como “Bug do PIX”. Ele envolve boatos disseminados via aplicativos de mensagens e redes sociais, nos quais se afirma que é possível receber o dobro de um valor transferido para uma chave aleatória. Apesar das chaves aleatórias serem uma forma segura de receber um pagamento, considerando que não é necessário informar um dado pessoal, os criminosos estão usando-as para aplicar esse tipo de golpe, firmado na ignorância dos usuários.
Além do “Bug do PIX”, diversos outros golpes já conhecidos, como o phishing (páginas falsas), falso atendente bancário, perfis falsos em redes sociais e aplicativos de mensagens, já foram devidamente adaptados pelos cibercriminosos. Portanto, se você usa o PIX ou pretende usá-lo, seja pessoa física ou jurídica, mais do que nunca, é imprescindível manter-se bem-informado sobre as técnicas utilizadas por esses criminosos. Ademais, mantenha um contato próximo com os seus parceiros, clientes e colaboradores, informando-os sobre seus meios de pagamentos e chaves PIX.
Informação é a melhor prevenção!
Prof. Me. Jorge Luís Gregório
Docente da Fatec Jales
www.jlgregorio.com.br