“Palavra” vem do latim vulgar paraula e significa fala ou discurso. Ela está em todo o lugar; há palavras que são mais usadas em determinadas profissões que outras, mais em alguns lugares que outros e até mesmo são selecionadas, dependendo da pessoa com quem falamos. O homem, em sociedade, cria as palavras, brinca com elas e, de repente, também as coloca no fundo do baú. As palavras caem de moda!
O dicionário Michaelis Online traz algumas definições sobre “moda” e uma delas é:“sistema de usos ou hábitos coletivos que caracterizam o vestuário, os calçados, os acessórios etc., num determinado momento; estilo próprio ou maneira típica de agir; maneira, modo”. Como vimos, o significado de “moda” é bem mais amplo e chega até as palavras...
Alguns fatores são determinantes para que haja a “eleição” de palavras: lugar, tempo, locutor, interlocutor, cargo que se ocupa... O filósofo francês Foucault, em uma de suas obras, discorre sobre a ordem do discurso e sobre isso ele pondera que há palavras que são ditas em alguns lugares e não em outros; ditas por determinada pessoa e não por outra.
Fernando Sabino, no texto “Em bom português”, afirma que “no Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. [...] A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em desuso”. E vai trazendo uma série de palavras que caíram de moda: “fita de cinema” para “filme”; “banho de mar” por “ida à praia”; “comprar um automóvel” por “comprar um carro”; “andar no passeio” por “andar na calçada”; “pegar um defluxo” por “pegar uma gripe”... (algumas, nem todos se lembram!). Mas como as palavras envelhecem?
Nascem palavras novas e outras desaparecem... a diminuição do uso pode estar relacionada à não correspondência de palavras com o moderno, por não fazerem mais sentido ou até mesmo por trazerem, hoje, sentido preconceituoso. Sobre esse último, ilustramos com a palavra “sirigaita”, em desuso pela alusão preconceituosa à mulher.
Nessa perspectiva, há ainda outros indicadores que são fundamentais nesse processo de “envelhecimento e evolução”: a chegada e avanço da tecnologia, a baixa circulação dos objetos no mercado, o contexto e suas necessidades. Com o advento da internet, temos o “deletar”, “escanear”, “mouse”, “drone” ...; não ouvimos quase falar em “ceroula”, usa-se “cueca”; e ouvimos demais “quarentena”, “isolamento”, “pandemia”, pelo contexto que, infelizmente, estamos enfrentando.
Os textos literários, reflexos de uma época, ainda são considerados de difícil leitura, e uma das justificativas é a quantidade de palavras em desuso, fato que prejudica a nova geração a uma compreensão mais fluida. Todavia, mesmo que muitas palavras deixem de ser utilizadas, isso não significa que elas deixam de constituir o léxico da língua portuguesa e da nossa história (elas são nossas, legitimamente). Por obséquio, não as desarrimem!
Bem, agora, vou para os meus aposentos e tomar meu medicamento vindo da botica!
Prof.ª Me. Alessandra Manoel Porto – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.