Quem tem por volta dos 50 anos de idade deve se lembrar bem da chamada Guerra Fria, conflito ideológico marcado por uma terrível corrida armamentista surgida logo após a Segunda Guerra Mundial, travada entre duas superpotências, Estados Unidos da América (EUA) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Foram tempos difíceis em que o mundo ficou polarizado entre capitalistas e comunistas, ocidente e oriente, duas nações que tinham (e ainda têm) capacidade de destruir todo o planeta, várias vezes, com suas ogivas nucleares. Felizmente a guerra passou, os ânimos se esfriaram com a queda do muro de Berlim, deixando o conflito para os livros de História. Mas tudo que é bom dura pouco.
Outros conflitos bélicos e ideológicos logo surgiram, mantendo o mundo sempre com o sinal de alerta ligado. Afeganistão, Iraque, Bálcãs, Oriente Médio, países centro-africanos, entre outros, infelizmente, insistem em atormentar a paz mundial.
Mas o que pode representar uma crise ainda mais complexa no contexto mundial está sendo desenhada como uma Guerra Fria entre as duas superpotências tecnológicas contemporâneas, os EUA, novamente, e a China. Entretanto, agora, questões ideológicas como capitalismo versus comunismo estão em segundo plano. O que realmente determina é o poderio tecnológico que essas nações possuem, ou pretendem possuir.
De um lado, vemos a China se desenvolvendo de forma surpreendente no ramo espacial, encarando o poder norte-americano e russo, dominando cada vez mais os setores da tecnologia de microprocessadores, sobressaindo-se no desenvolvimento e uso da inteligência artificial.
De outro lado, estão os Estados Unidos prestes a lançar, ainda neste ano, um plano de investimentos em tecnologia de 250 bilhões de dólares, considerado pelo parlamento americano o maior projeto de investimentos em tecnologia da história desse país, declaradamente direcionado a competir com a China.
Esse país asiático, por sua vez, desdenha do sucesso de tal medida norte-americana alegando que “a principal ameaça aos Estados Unidos é o próprio Estados Unidos”. Deflagra pesadas críticas aos países do G7 (grupo das maiores potências industriais do mundo, que, por sinal, estão reunidas nesta semana no Reino Unido), principalmente aos Estados Unidos, acusando a comunidade de utilizar o protecionismo econômico como forma de estagnação da ordem mundial.
No campo das acusações, o Tio Sam critica abertamente o sistema de produção chinês acusando o país de exploração inapropriada da mão de obra nacional, violando os diretos humanos dos trabalhadores chineses.
Acusações à parte, percebe-se o nascimento de outra Guerra Fria entre essas superpotências. As armas não serão bombas atômicas, mas sim a tecnologia. Tomara que daqui a 50 anos não tenhamos que relatar os horrores de um apocalipse tecnológico.
Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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