“Humanização” diz respeito ao ato ou efeito de “humanizar”, termo definido pelo dicionário da Academia Brasileira de Letras (2008) como “Tornar-se humano [...] benevolente, complacente”. Ela, recentemente, tem chamado a atenção de muitos segmentos empresariais, sociais, educacionais, políticos, religiosos, espiritualistas, entre outros.
Pode até parecer um contrassenso, mas podemos perceber que, na atualidade, as sociedades têm buscado resgatar aquilo que, na essência, nos torna humanos. Estranho, não? Nem tanto.
Após um longo período de evolução na história da humanidade, conseguimos subjugar todas as outras espécies de animais existentes no planeta, o que nos dá uma vantagem competitiva em termos de sobrevivência, correto? Apesar disso, temos a impressão de que a raça humana tem se distanciado desse paradigma tido como fundamental para a preservação da espécie.
Alguns fenômenos ocorridos recentemente, como as revoluções industriais, as guerras regionais e mundiais e a globalização, em conjunto com o desenvolvimento e uso, cada vez mais frequente, de tecnologias numa velocidade exponencial, certamente têm influenciado a desumanização da nossa espécie, fazendo com que cada vez mais consideremos as reais relações humanas como algo secundário.
Tomemos como exemplo as redes sociais virtuais. Mesmo que um de seus aparentes objetivos seja de integrar, elas, de certo modo, afastam as pessoas. Por exemplo, não é tão incomum ver familiares em uma mesa de restaurante sem interação, cada um focado em um celular. Até mesmo dentro dos lares há conversas realizadas pelo aparelho, mas, ainda que se argumente a favor delas, pois, de certa forma, permitem a comunicação, há um certo grau de frieza.
Há também homens que não conseguem se comunicar, expressar, por exemplo, um sentimento afetivo, como um galanteio (como chamam os mais antigos a paquera). Porém, nas redes sociais, se postam como galãs bem-sucedidos, totalmente desinibidos, com uma super autoestima, que, em alguns casos, podem extravasar, gerando têm até comportamentos agressivos, sexistas, racistas, entre muitos outros formatos desumanizados.
Claro que, mesmo sem o uso de redes sociais, tais comportamentos já existiriam, mas o problema maior nesse cenário virtual é a escala. Tudo é muito intenso, rápido e explosivo. E, infelizmente, tudo tende a piorar nesse universo digital.
Precisamos sim buscar uma sociedade mais humanizada, mais pacífica, menos conectada, com relações mais verdadeiras. Não podemos ficar sentados vendo nossos filhos se perdendo em tecnologias que visam torná-los um mero registro estatístico em uma nuvem de dados para alimentar os Apps e outros algoritmos não humanos.
Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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