Quando pensamos na tecnologia, em seus avanços, facilidades e funcionalidades na rotina diária de todos nós... Quando pensamos em sua sofisticação, oferecendo em todos os setores versatilidade tamanha e inerente, temos a impressão de não conseguirmos sobreviver sem ela. Podemos até achar tudo isso óbvio, mas como tem se comportado um grande número de brasileiros ainda não alfabetizados diante de um cenário todo “ON-LINE”?
O Brasil, segundo o censo do IBGE (2023), tem ainda uma taxa de 5,6% de pessoas não alfabetizadas. Isso representa 11.368.000 de brasileiros que vivem e sobrevivem alheios à escrita, dependendo de outros meios, principalmente de outros seres humanos, para codificar e decodificar os signos. As expressões “não tenho leitura” e “não tenho estudo” são cotidianas a essas pessoas para justificarem sua dependência em muitas demandas em que a escrita predomina.
É importante ressaltar que, de acordo com Adriana Bernuy, coordenadora de pesquisa do IBGE (2023), esse número retrata, em grande parte, uma população idosa, o que indica os mais novos já terem acesso à educação. Entretanto, mesmo em um cenário de evolução positiva, não podemos ignorar os dados, principalmente quando olhamos para um modo tecnológico.
Magda Soares (1998) trouxe o conceito de letramento como sendo a capacidade de ler e escrever, mas aplicada na interação com os diversos contextos sociais. Sob essa perspectiva, um analfabeto pode desenvolver algumas habilidades de letramento se for preparado para tal. Mas não podemos parar aí... isso apenas enquanto a realidade da alfabetização ainda não se concretiza. Mia Couto, escritor brasileiro, completa essa linha de pensamento dizendo: “Sou biólogo e viajo muito pela savana do meu país. Nessas regiões encontro gente que não sabe ler livros. Mas que sabe ler o seu mundo”.
Parece até antagônico e soar como um comportamento de conformidade, mas é possível avançar, evitando-se tanta dependência e exclusão, porque a tecnologia está para eles também: sacam a aposentadoria, pagam água, luz e boletos, operam o celular...
Assim, se o acolhimento não for feito a contento, oferecendo o desenvolvimento de habilidades (até mesmo estudo àqueles mais velhos que queiram ainda estudar), essa fatia da população vai sempre depender do outro, muitas vezes que age até de modo nocivo. Famílias, órgãos governamentais, igrejas e ONGs são potenciais pontos de apoio para que essas pessoas possam ser letradas digitalmente, uma vez já alfabetizadas nas coisas da vida.
Profa. Ma. Alessandra Manoel Porto – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Docente Fatec Jales – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.